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Indispensável aos educador@s que se preocupam com sua práxis, nos quesitos ação e resultados.
O cantinho de reflexões do Centro de Educação Municipal Luiz Miranda de Oliveira, em Caatiba-BA.
Existem pessoas que ainda acham que o educar da escola refere-se à transmissão de conhecimentos prontos de um professor ou professora ao estudante, de modo que este possa, ao fim do ciclo estudantil médio, estar apto a ser aprovado no vestibular. Não é verdade. Na escola, educa-se para a vida. Os conteúdos – ao que se pretende – são mecanismos de estímulos e exercício das capacidades que o aluno(a) adquire ao longo de sua vida, em todos os aspectos (familiar, social, escolar etc).
Atividades que não se restringem a conteúdos específicos do plano anual podem sim cumprir satisfatoriamente a função pedagógica a que se propõem, tanto no ambiente da sala de aula quanto fora dela. A gincana é uma delas. E a Gincana Estudantil 2008 do CEMLMO em parceria com o IEPEMS mostrou na prática como isso acontece.
O evento ocorreu entre os dias 11 e 13 de agosto de 2008, com jogos esportivos, provas de busca e criação, jogos de raciocínio, dublagens e caracterizações, dentre outras atividades. Aproveitou-se o ensejo para promover o desfile Garoto e Garota Estudantil 2008. E a gincana culminou no sábado com um suntuoso baile à fantasia. A finalidade precípua de toda essa movimentação foi angariar fundos para ajudar a um aluno em uma cirurgia delicada a que precisará se submeter.
Nesse formato, podem-se enumerar alguns objetivos no âmbito pedagógico que foram alcançados ao final do memorável acontecido:
· O incentivo à prática das várias modalidades esportivas, bem como o estímulo às atividades físicas e a elucidação sobre suas benesses na saúde das pessoas;
· A integração e engajamento de alunos e alunas de diferentes anos e turmas, trabalhando em equipe em prol de um mesmo objetivo;
· A exploração das capacidades de abstração e raciocínio lógico em atividades interdisciplinares;
· A compreensão do espírito competitivo, de modo a entender que vencer é uma conseqüência e perder uma possibilidade;
· E, um dos mais importantes, conscientizar para a importância da solidariedade, do prazer em ajudar a um amigo necessitado – objetivo que foi alcançado com impressionante êxito, ressaltando uma qualidade do povo caatibense que, ainda bem, vem sendo passada com sucesso para as novas gerações.
Sem invadir o terreno que é reservado à família e a outras instituições educadoras por excelência, mas sim trabalhando em conjunto com elas é que a educação escolar conseguirá atingir sua meta, que está para além da sala de aula. E logrando êxito em sua tarefa, automaticamente a escola estará formando o aluno(a) não para reproduzir, mas para construir conhecimentos. Não estará educando apenas para o vestibular. Estará educando para a vida.
Existe um chavão na parte da Psicologia que se ocupa com o comportamento humano que se comprova de maneira mais efetiva na prática do que em qualquer tratado teórico acerca: ‘ser jovem é complicado’. Ser jovem no século XXI é mais complicado ainda. Ser jovem, no século XXI e em Caatiba, então, nem se fala.
A fase comumente demarcada entre a infância e a vida adulta é agitada, turbulenta, em que os atores que a protagoniza não raro são assomados por inseguranças e incertezas, o que se reflete na volubilidade de seus pensamentos e atitudes. Pelo menos isso é o que dizem e é nisso que acreditam. Eu não acho isso, não.
O jovem sabe do que precisa, mas não quer. O pensamento juvenil está corrompido em face do carpe diem impregnado pela sociedade moderna. A família é importante, mas amigos da moda são mais. Ler livros é bom, mas Orkut e MSN são melhores. Suco é saudável, mas a Ice é a bebida da vez. E a escola? A escola é antes um ponto de encontro do que de construção de conhecimentos. É extremamente difícil transformar – ou reformar – um ser plenamente seduzido por esse pretendido mundo da diversão perene. Difícil, mas não impossível. E temos um exemplo bem próximo.
Gabriel Cunha – o Napa – quando aluno do ensino médio no CEMLMO não era definitivamente de comportamento que se poderia dizer exemplar (e digo isso porque fui professor dele por 2 anos), mas conjugava o verbo estudar com empenho. E, ao concluir o ciclo da educação básica, resolveu olhar pra frente. Os pais investiram em sua capacidade, ele acrescentou boas doses de força de vontade às suas habilidades desenvolvidas na escola – sobretudo com os números – e foi pra Salvador estudar em um cursinho desses preparatórios para o vestibular. Longe da família e dos amigos. Resolveu olhar pra frente. Resolveu estudar. Resultado: aprovado em honroso 2° lugar entre alunos oriundos de escola pública no curso de Engenharia Civil da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana).
Ele não é diferente de mim, de você ou do seu amigo aí pertinho de você nesse momento. Mas Gabriel teve um objetivo. Acho que falta ao jovem caatibense de uma maneira geral essa perspectiva. Falta querer ser mais do que operador de máquina de calçados. Falta não apenas perceber que pode ir além, mas sim ir. Entender que seu futuro já está em construção e que cada um é arquiteto da própria vida. Descobrir a dimensão da família e dos amigos nesse processo, mas principalmente assumir a dimensão pessoal nessa ascensão. Saber que o grande responsável pelo que você é, em última instância, é você.
Gabriel entra para um seleto grupo de pessoas made in Caatiba que ingressaram jovens numa Universidade pública e hoje já colhem os frutos da boa formação que tiveram, como Lígia, Hércules e Celinei. E mostra que para se alcançar um objetivo, não basta sonhar. Tem que acreditar e fazer.
Estudar é como conhecer mundos diferentes.
Tempo de alegria a cada hora.
Tempo de novidade a cada dia.
Tempo de se preparar para a vida...
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